Uma das formas de complementar o Ensino de Química utilizando os recursos tecnológicos que estão disponíveis hoje, e a versatilidade destes em termos de funcionalidade, é utilizar Softwares Educacionais (SE, também chamados de programas educativos ou apenas programas) e aplicativos (applications, ou apps) que possam ser úteis aos objetivos educacionais pretendidos. Essas ferramentas são de grande importância por auxiliar na visualização de conceitos químicos considerados muito abstratos e ilustrar de forma gráfica estes conhecimentos.
Segundo Batista et al. (2016, p. 3), os SE “caracterizam-se como sendo recursos digitais que podem ser usados e reutilizados como auxílio no processo de aprendizado”. Já os apps podem ser definidos como softwares desenvolvidos para dispositivos móveis, de baixo custo, com o objetivo de realizar funcionalidades e tarefas específicas equiparadas a dos programas de computador (OLIVEIRA, SOUTO e CARVALHO, 2016, p. 3).
Existem vários programas e aplicativos que podem ser úteis ao Ensino de Química por possibilitar a visualização de conceitos químicos, principalmente os de difícil abstração, ou para representação estrutural de moléculas e compostos químicos. Dentre os diversos recursos disponíveis, indicamos os que foram construídos pelo Laboratório de Design de Softwares Educacionais (LDSE) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Este projeto objetiva criar "ferramentas didático-computacionais para auxiliar professores e estudantes, de todo o país, no processo ensino-aprendizagem". Além disso, o projeto visa "capacitar estudantes do Curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal do Ceará (futuros professores de Química) para a criação das referidas ferramentas".
O LDSE apresenta recursos úteis para professores e alunos de graduação e pós-graduação em Ensino de Química por se tratar de um projeto de pesquisa educacional sobre o desenvolvimento de vários SEs e aplicativos didáticos inovadores. Além disso, o site do projeto disponibiliza cerca de 10 artigos publicados em periódicos (5 deles no Journal of Chemical Education da American Chemical Society) relatando os resultados obtidos na iniciativa - algo muito útil para pesquisadores da área de Ensino de Química e desenvolvimento de softwares educativos.
A Figura 1 apresenta o site do projeto, e nela é possível encontrar 14 softwares e 7 aplicativos.
Figura 1 – Site do LDSE. Clique na imagem para acessar e utilize as opções do menu superior para navegar pelo endereço.
É importante salientar que antes de utilizar um SE ou aplicativo em sala ou passar como atividade para os alunos, o professor deve verificar se os aparelhos dos alunos possuem a compatibilidade e configurações que permitam o uso do recurso. A maioria deles pode ser acessado em qualquer computador e está disponível para os sistemas operacionais Android e iOS e podem ser encontrados nas respectivas lojas de apps.
Independente da ferramenta escolhida (SE ou app) ou abordagem empregada, o professor deve elaborar um planejamento adequado da atividade pedagógica utilizando estes recursos, realizar testes e avaliar previamente se esta proposta se adequa ao ensino pretendido. Também lembramos que o programa ou aplicativo escolhido para ser utilizado ou desenvolvido não deve ser o foco da aula, e sim um meio para melhor apresentar os conceitos químicos. Ou seja, o docente deve abordar o conteúdo com o apoio da tecnologia para que esta auxilie o aluno a entender o conceito, e não passar parte da aula demonstrando como ela funciona ou apresentando-a como algo alegórico.
Os softwares e aplicativos desenvolvidos pelo LDSE podem ser muito úteis para os professores de Química do Ensino Médio, e propiciar uma aprendizagem lúdica para seus estudantes. Além disso, os artigos acadêmicos publicados pelo grupo de pesquisa podem ser utilizados por discentes de licenciatura ou pós-graduação em Ensino de Química como referência para novas pesquisas e por fornecer apontamentos para a realização de mais trabalhos nessa área.
Por fim, iniciativas como a do LDSE ajudam a desmistificar a ideia de que programas e aplicativos úteis para o Ensino de Química (bem como pesquisas de qualidade sobre o desenvolvimento destes recursos) só existem no exterior. Por isso, ficamos felizes ao ver projetos dessa natureza e fazemos questão de utilizar nossa Covalência para divulgar essas atividades.
Referências:
BATISTA, G. C., LIMA, A. R., CRISÓSTOMO, L. C. S., MARINHO, M. M., MARINHO, E. S. Softwares para o ensino de química: Chemsketch® um poderoso recurso didático. Revista Educacional Interdisciplinar, Vol. 5, Nº 1, p. 1-10, 2016. Disponível em: <https://seer.faccat.br/index.php/redin/article/view/451>. Acesso em 24 de fevereiro de 2019.
Laboratório de Design de Softwares Educacionais. Disponível em: <http://www.ldse.ufc.br/>. Acesso em 23 de setembro de 2020.
OLIVEIRA, F. C., SOUTO, D. L. P., CARVALHO, J. W. P. Seleção e análise de aplicativos com potencial para o ensino de química orgânica. Revista Tecnologias na Educação, Ano 8, Nº/Vol. 17, p. 1-12, 2016. Disponível em: <http://tecedu.pro.br/wp-content/uploads/2016/09/Art9-ano8-vol17-dez2016.pdf>. Acesso em 23 de setembro de 2020.
SOUZA, L. D. Seleção, organização e disponibilização de conteúdos digitais para Professores de Química através de um ambiente virtual. Dissertação (Mestrado). – Programa de Pós-Graduação em Química em Rede Nacional, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. 208 f. Disponível em: <https://profqui.iq.ufrj.br/wp-content/uploads/2020/08/Disserta%C3%A7%C3%A3o_2019_Luan-Duarte-de-Souza_Final.pdf>. Acesso em 22 de setembro de 2020.
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Última atualização: 23/09/2020.